MASMO | Museu Arqueológico de S. Miguel de Odrinhas
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O Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas abriu as suas portas no dia 11 de setembro de 1999.
O seu acervo abrange largos milhares de objetos que documentam um extenso período cronológico que se estende desde o Paleolítico até à Pré-Atualidade.
Os objetos que integram as coleções – cerâmicos, líticos, metálicos, vítreos – resultam de escavações arqueológicas e de recolhas de superfície realizadas no concelho de Sintra, mas também de achados fortuitos, estes normalmente efetuados por cidadãos que os doam ao Museu.
A coleção reflete assim a abundância de monumentos e sítios arqueológicos que testemunham uma intensa ocupação humana da região de Sintra ao longo de milénios e, ao mesmo tempo, a intensa e frutuosa atividade de pesquisa e de investigação desenvolvida por estudiosos desde o Renascimento até à atualidade.
O Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas está alicerçado no Renascimento, quando alguém – muito provavelmente o ilustre humanista Dom Diogo de Sousa quando, entre 1490 e 1497, desempenhou o priorado da freguesia de São Miguel de Sintra – decidiu expor na antiga Ermida de São Miguel de Odrinhas um apreciável conjunto de monumentos epigráficos romanos de origem local.Em 1955, a Câmara Municipal de Sintra, por iniciativa do Professor Joaquim Fontes, arqueólogo e autarca, desenvolveu uma experiência inovadora para o seu tempo: a construção, em plena zona rural, de um pequeno núcleo museológico que permitisse voltar a reunir, em Odrinhas, as antiguidades entretanto dispersas, além de outras mais recentes.
Tendo sido inaugurado com pompa e circunstância por uma das principais figuras do regime de então – o Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom Manuel Gonçalves Cerejeira – o núcleo museológico esteve aberto ao público durante 38 anos. Porém, devido ao risco de desabamento do edifício, acabou por ser encerrado em 1993, ano em que também se inicia a construção do novo museu.O novo Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas, abre portas ao público em 1999. Este edifício de grande amplitude (cerca de 3.200 m2 de área coberta), projetado pelos arquitetos Alberto Castro Nunes e António Maria Braga, com a consultoria de Léon Krier, e com programa museológico de José Cardim Ribeiro, veicula os legados dos seus dois primordiais antecessores museais. Herdou, do mais remoto, o espírito humanista e cosmopolita que foi apanágio do Renascimento. E, do mais recente, colheu o vínculo privilegiado ao meio que o rodeia e à população rural do Termo de Sintra.
Esta exposição está organizada cronologicamente, tendo como ponto de partida a Antiguidade Clássica. De destacar, pela sua relevância no contexto museológico nacional, e mesmo internacional, as centenas de inscrições e monumentos lapidares romanos aqui reunidos, todos de origem regional, que espelham, no entanto, influências estilísticas e populações de filiação itálica, norte africana, mediterrânica oriental, paleohispânica – entre outras menos frequentes.
Destaque merecem, igualmente, os vigorosos lintéis de uma singular igreja visigótica ou moçarábica, bem como as largas dezenas de cabeceiras medievais que justapõem a cruz ao sino-saimão, as rodas concêntricas do Mundo aos dois triângulos do hexalfa.
A Biblioteca do Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas poderá acolher 80 leitores em simultâneo.
Sítio Arqueológico do Alto da Vigia | Praia das Maçãs, Colares
Remontam ao século XVI as informações mais antigas que indicam a existência de um santuário romano junto à foz do Rio de Colares. São da autoria de Valentim Fernandes, em 1505; e de Francisco d’Ollanda, por volta de 1541. Este autor inclui na sua obra "Da Fábrica que falece à cidade de Lisboa" o desenho das estruturas que então terá conseguido observar e que pertenceriam ao santuário romano.A identificação daquelas ruínas no séc. XVI corresponde à primeira descoberta arqueológica feita em Portugal. A importância do local foi largamente reconhecida na época, passando a ser ponto de visita obrigatória para os eruditos, portugueses e estrangeiros, durante o Renascimento. Entre os ilustres visitantes que acorreram ao local, destaca-se a presença de Francisco d’Ollanda e de André de Resende, mas também de elementos da família Real, nomeadamente do Rei D. Manuel I e, mais tarde, do Infante D. Luís, irmão de D. João III.
Tais descrições indicam que o sítio terá permanecido visitável durante quase todo o século XVI, altura a partir da qual as estruturas terão pouco a pouco deixado de estar visíveis, contribuindo desta forma para uma certa confusão relativamente à sua localização precisa.
Apesar de tudo, a memória de um santuário romano no litoral sintrense permaneceu, embora se ignorasse agora a sua localização exata. Os vários estudos e trabalhos científicos recentemente desenvolvidos acabariam por apontar para um pequeno outeiro sobranceiro à Praia das Maçãs, onde ainda hoje se conservam os micro-topónimos Alto da Vigia e Alconchel.
Foi precisamente nesse pequeno promontório, na margem esquerda daquela Ribeira, que a equipa do Museu de Odrinhas iniciou uma intervenção em 2008, junto das estruturas de uma torre de facho de época Moderna que ainda se encontravam parcialmente visíveis.
A intervenção arqueológica levada a cabo pela equipa do Museu de Odrinhas permitiu já confirmar a existência naquela zona de um santuário romano monumental, bem como a caraterização dos alicerces parcialmente visíveis como pertencentes a uma torre de facho dos inícios do séc. XVI. Foi ainda surpreendentemente identificado um importante conjunto de vestígios de época islâmica, totalmente desconhecidos até então, mas para os quais o topónimo Alconchel (al-concilium) parece apontar.
Os testemunhos arquitetónicos de época islâmica correspondem a umribat ('convento'), tendo sido, até ao momento, identificado um conjunto arquitetónico constituído por várias salas, destacando-se uma delas pela presença de um mirhab orientado para Sudeste, virtualmente no sentido de Meca.
A presença de restos de materiais de utilização quotidiana associados à ocupação islâmica é bastante residual. No entanto, foram recolhidos alguns fragmentos de cerâmica com cronologia do séc. XII, que assinalam provavelmente a fase final de ocupação. De salientar a grande quantidade de conchas, algumas ainda associadas a vestígios de fogueiras, indícios do aproveitamento dos recursos marinhos disponíveis no local.
Para além dos edifícios, foi também identificada uma área de necrópole com várias sepulturas, hoje sem qualquer vestígio de espólio arqueológico ou osteológico no interior e que, tudo leva a crer, estarão associadas à fase de ocupação islâmica do sítio.
Na edificação das estruturas do ribat foram utilizados múltiplos elementos arquitetónicos de época romana, onde se incluem algumas inscrições, que testemunham a existência no local de um importante santuário romano, para a existência do qual já apontavam os relatos de Valentim Fernandes e de Francisco d’Ollanda no séc. XVI.
A importância do santuário na época romana está refletida no facto dos votos conhecidos até agora, expressos pela saúde do imperador e eternidade do Império, serem colocados não por devotos particulares, nem sequer pelas elites locais ou provinciais, mas apenas por detentores de altos cargos imperiais, nomeadamente governadores da Lusitânia ou legados do Imperador, embora por vezes através do senado de Olisipo, município em cujo território se localizava este santuário.
Nas escavações foi desde já recuperada uma nova inscrição que atesta a importância do local, sendo dedicada ao Sol e ao Oceano por um Procurador dos Augustos e sua família. Para além daquela ara e de uma inscrição funerária da época de Augusto - ou seja, anterior ao próprio santuário - foram recolhidos outros elementos arquitetónicos romanos com alguma monumentalidade, nomeadamente uma imposta moldurada, fragmentos de coluna, de ara e grandes blocos de construção.
As construções de período islâmico encontram-se em muitos casos bastante destruídas devido à remoção de elementos pétreos de grandes dimensões, dos quais muitas vezes apenas subsiste o negativo da forma conservado na argamassa do alicerce onde assentavam, ou apenas as pedras mais pequenas utilizadas como cunhas dentro das valas das fundações. Porém, alguns desses blocos de grandes dimensões ou de melhor qualidade no talhe ainda se conservavam nas paredes. É provável que a remoção daqueles elementos esteja relacionada com a construção da torre de facho nos inícios do séc. XVI, quando as estruturas islâmicas foram parcialmente utilizadas como "pedreira".
Horário:
Terça-feira a sábado: 10h00 às 13h00 e 14h00 às 18h00
Encerra ao domingo e segunda-feira | A Biblioteca encerra durante o mês de agosto
Feriados: 12h00 às 18h00
Encerra nos feriados:
- 01 de janeiro;
- Domingo de Páscoa;
- 01 de maio;
- 24, 25 e 31 de dezembro.
Não necessita de reserva.
Marcação de visitas guiadas:
Tel: +351 9238608
E-mail: dbmu.masmo.geral@cm-sintra.pt
Participação em atividades específicas:
Oficinas Educativas ou Visitas Teatralizadas | 4,00€ (sem redução)
Noites do Museu | 3,00€ (sem redução)
Contatos
TLF +351 21 923 86 08
EMAIL: dbmu.masmo.geral@cm-sintra.pt
Morada
Avenida Prof. Dr. D. Fernando de Almeida
São Miguel de Odrinhas
2705-739 São João das Lampas / Sintra
Localização do Museu
Coords. GPS | 38º53'13,52"N, 9º21'58,61"W
A meio caminho entre Sintra e a Ericeira (EN 247). Na povoação de Odrinhas, cruzamento para São Miguel de Odrinhas/Funchal.
Horário do Museu
De Terça-feira a Sábado, das 10.00 às 13.00 e das 14.00 às 18.00
Feriados, das 12h00 às 18h00
O Museu encerra aos Domingos e Segundas-feiras
Horário da Biblioteca
De segunda-feira a sexta-feira, das 10.00 às 13.00 e das 14.00 às 17.00
Encerra durante o mês de agosto
Visitas
Todas as visitas são guiadas.
Estacionamento
O Museu dispõe de um amplo parque de estacionamento para automóveis ligeiros, existindo também facilidades para o parqueamento de autocarros de turismo
Bilheteira
Ingressos: Gratuito
Participação em atividades específicas:- Oficinas Educativas: 4 euros; sem redução
- Noites do Museu: 3 euros; sem redução